terça-feira, 17 de junho de 2014

A Religião em Moçambique

        A religião em Moçambique apresenta grande miscigenação devido a grande diversidade de povos e tribos presentes nesse país. Abaixo está o gráfico que nos mostra os dados das religiões presentes em Moçambique segundo o senso de 2007:


      
        
          Há uma grande concentração de muçulmanos no norte do país.


A Interpretação do Grito Negro



    O poema “Grito Negro” foi escrito por um famoso poeta moçambicano: José Craveirinha. Neste poema, assim como em suas outras obras, ele procura expressar e descrever as dores e o desejo dos moçambicanos. Especialmente nessa, observaremos o sentimento de revolta e sofrimento dos negros em relação aos colonizadores portugueses.
            Grito negro
Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.
Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.
Eu sou carvão
e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da minha combustão.
Eu sou carvão;
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão,
até não ser mais a tua mina, patrão.
Eu sou carvão.
Tenho que arder
queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.
(https://www.youtube.com/watch?v=p6Ug9c2riCU - Vídeo de José Craveirinha lendo o poema)

             Para entendermos, devemos nos remeter aos acontecimentos históricos de Moçambique. Lembra-se das fases do ouro e de marfim e, mais tarde, a de escravos? Nesse período, os portugueses penetraram para o interior do país a fim de dominar as áreas produtoras desses itens que os interessavam. Então, para que a exploração fosse possível, escravizaram a população. As palavras “carvão” e “patrão” no poema se referem, consequentemente, ao escravo moçambicano e ao colonizador português.



                 Destacaremos também outro fator, o racismo. Os negros sofreram muito preconceito e por isso ele é o “carvão”. Sua cor de pele também influenciou em todo esse processo de colonização, por serem considerados inferiores em relação a seus colonizadores, os brancos.
                  Além da palavra “carvão” significar que o moçambicano é a fonte de energia para seu “patrão” e essa ideia foi ressaltada no verso “e fazes-me tua mina, patrão”, onde mostra a importância do negro para Portugal, pois eles são sua fonte de riqueza.
                  Já no verso “mas eternamente não, patrão”, vemos que o negro não aceita sua condição de escravo e sente a necessidade de reverter essa situação. Mudar sua realidade. A conjunção “mas” exprime um impulso à transformação social. Eles têm consciência de sua importância e sabem que são capazes de vencer a guerra e o preconceito.
                  No fim do poema, é dito “tenho que arder/ queimar tudo com o fogo da minha combustão” onde transmite a ideia de que agora os moçambicanos serão o carvão e usarão sua energia para queimar os portugueses e vencê-los.
                  Com isso, concluimos que a Literatura Moçambicana, principalmente José Craveirinha, ressalta a importância da cultura e a história do país, permitindo o povo ver que a sua cultura não estava sendo valorizada e respeitada, levando-os a lutar pela independência. A Literatura permitiu aos moçambicanos pensar a respeito de seus direitos, suas próprias forças e se mobilizar.
                  Até hoje o poema mantém sua atualidade com a globalização. A nova forma de colonização à África e africanos, onde querem se libertar da dependência econômica, da corrupção e das guerras.
                  

A Geografia Moçambicana


   O tamanho de Moçambique pode ser comparado com o da Turquia, sendo o 34º país do mundo em área territorial. Ao sul do país há o predomínio de grandes planícies costeiras enquanto no interior há o predomínio de maciços montanhosos
 

 
   O clima de Moçambique é o tropical úmido variando entre 20ºC no sul e 26ºC no norte.

A História de Moçambique


 
   A história de Moçambique é dividida em três períodos para facilitar os estudos: o Período pré-colonial, a penetração colonial e a luta pela independência.


  • Período Pré-Colonial

   Inicialmente, no território moçambicano, haviam bosquímanos e caçadores que eram povos primitivos. Em 200/300 DC, as grandes migrações dos povos Bantus, originados dos Grandes Lagos, vieram das regiões oeste e norte da África e seguiram para o planalto e áreas costeiras do país. Esses povos estabeleceram comunidades e associações agrícolas. 

Migração dos povos Bantu



Povos Bantu



  • Penetração Colonial

   No século XV, Pêro da Covilhã foi o primeiro português a estabelecer relações comerciais com os povos da região. Logo notou que esta terra era propícia aos interesses portugueses, pois apresentava uma rota estratégica no caminho marítimo para a Índia. Em sequência, Vasco da Gama foi para o país, intensificando esta rota, principalmente em Sofala e na Ilha de Moçambique, onde foram criadas as primeiras fortalezas. O objetivo era o comércio.
   Anos mais tarde, os portugueses penetraram para o interior onde estabeleceram algumas feitorias. Os produtos mais comercializados na época eram o marfim e o cobre. E ainda havia uma tentativa em encontrar ouro.
   Quando encontraram ouro no país, portugueses dominaram o acesso à areas produtoras do ouro. Esta fase de penetração foi designada de “fase do ouro”. Depois houve as fases do marfim e dos escravos.  
   O comércio de escravos se manteve mesmo após a abolição da escravatura na Colônias, em 1889.         “(...) calcula-se que entre 1780-1800 tenham sido exportados de Moçambique em média anual, entre 10 a 15 mil pessoas e, em 1800-1850 a média anual tenha atingido cerca de 25 mil”, segundo relato do livro de Siliya.

   A colonização efetiva de Moçambique só iniciou com o advento da Conferência de Berlim (1884/1885), quando Portugal foi forçado a realizar a ocupação afetiva. Dada Dada à incapacidade militar e financeira portuguesa, a alternativa encontrada foi o arrendamento da soberania e poderes de várias extensões territoriais a companhias majestáticas e arrendatárias. A ocupação desses territórios e desumano processo de mercantilização dos negros impulsionaram revoltas internas no país.

   
   A ocupação colonial não foi pacífica e os moçambicanos impuseram sempre lutas de resistência. Na prática a chamada pacificação de Moçambique pelos portugueses só se deu no já no séc. XX.

  • A Luta Pela Independência

   Com a opressão do fascismo português, o povo moçambicano foi obrigado a pegar em armas e lutar pela independência. A luta de libertação Nacional, foi dirigida pela FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique). Esta organização, foi fundada em 1962 através da fusão de três: a UDENAMO (União Nacional Democrática de Moçambique), MANU (Mozambique African National Union) e a UNAMI (União Nacional de Moçambique Independente).
   Depois de mais de quatro séculos de domínio português, a FRELIMO iniciou a Guerra de Libertação ou, como também é conhecida, a Luta de Libertação Nacional, que durou dez anos, conquistando a independência em 25 de junho de 1975.



   Após apenas dois anos de independência, o país entrou em uma guerra civil intensa que ocorreu de 1977 a 1992.  O partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), e as forças armadas moçambicanas eram contrários a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), que recebia financiamento da Rodésia e África do Sul. Durante o conflito, cerca de um milhão de pessoas morreram em combates e crises de fome. Além da destruição de muitas infra-estruturas econômicas.          Porém, com a assinatura dos Acordos Gerais de Paz entre a o Governo da FRELIMO e a RENAMO, em 1992, o país realizou as suas primeiras eleições multipartidárias, em 1994, e manteve-se como uma república presidencial relativamente estável desde então.

Acordo geral da paz


Linha do Tempo




Origem do Nome Moçambique



   Segundo o livro Siliys, acredita-se que o nome do país esta relacionado a adaptação do nome de um sultão que os portugueses encontraram ao desembarcarem na costa no norte do país. Seu nome era Mussa Bem Mbiki.
 
   Os portugueses, então, passaram a denominar o território de “Terras de Mussa Bem Mbiki”. Com o passar dos séculos, o nome inicial sofreu derivação ficando Moçambique. Esta é a versão mais aceita por estudiosos.

O Significado da Bandeira de Moçambique




   A bandeira moçambicana, segundo a constituição da República de Moçambique, apresenta em suas cores e símbolos os seguintes significados:

  • A cor verde: a riqueza do solo;
  • A cor preta: o continente africano;
  • A cor amarela: a riqueza do subsolo;
  • A cor branca: a paz;
  • A cor vermelha: a luta pela resistência ao colonialismo, a Luta Armada de Libertação Nacional e a defesa da soberania.
  • A estrela representa a solidariedade, o livro faz referência  a educação na luta por um país melhor, a enxada simboliza a agricultura e a arma AK-47 a luta armada e a defesa do país novamente.

   É interessante destacar que a bandeira de Moçambique é a única que inclui uma ilustração de um fuzil moderno.